Europa: Intérpretes de conferência

Bom senso e discrição

Intérpretes de conferênciaTodos sabemos, enquanto intérpretes de conferência, que quanto mais invisível é o nosso trabalho mais próximos estamos de ter executado um bom serviço. Se não há nada a apontar, isso quer dizer que o cliente ficou satisfeito.

Dada a natureza da nossa profissão, temos responsabilidades importantes para com falantes, ouvintes, colegas e clientes. Enquanto intérpretes de conferência, devemos ter uma conduta irrepreensível e eticamente irreprovável. 

Devemos ser profissionais e íntegros e manter o dever de confidencialidade. Ao fazê-lo, não estamos só a projetar um boa impressão de nós próprios, estamos também a defender e promover a honra e a dignidade da profissão. São esses valores que ganham e mantêm a confiança de quem confia em nós.

Mesmo que não estejamos ao microfone, ainda estamos em trabalho. Temos a responsabilidade de ajudar o nosso colega de equipa e continuar a prestar a máxima atenção ao evento em que nos encontramos. E não é por sairmos das cabinas ou do auditório que vamos despir a “pele” de intérprete de conferência.

Ora, nos últimos tempos, não pude deixar de reparar que, com a crescente adesão à atração de redes sociais como o Facebook ou o Twitter, muitos colegas começaram a colocar nas suas páginas pessoais – mas públicas! – informação relativa às "missões" para a quais vão sendo destacados.

Receio que esta não seja a melhor forma de estar na profissão. Ao divulgar informação sobre um determinado serviço, podemos estar inadvertidamente a divulgar informação que a agência que nos contratou não quer tornar pública ou, pior, ir contra a política do próprio cliente.

Não devemos discutir publicamente, denunciar, ou dar a nossa opinião sobre um assunto no qual estamos envolvidos como intérpretes de conferência. Devemos respeitar o sigilo profissional a que estamos vinculados em relação a todas as informações que chegam ao nosso conhecimento no decorrer do exercício da profissão, em reuniões que não são abertas ao público em geral.

Sempre que sou destacado para um serviço de interpretação, opto por não divulgar qualquer tipo de informação sobre o mesmo, seja junto da minha rede de amigos, seja em blogues ou redes sociais. É preciso termos bom senso e discrição.

Faço-o pelas razões supramencionadas mas também para não melindrar ou ferir os sentimentos dos meus colegas de profissão. Tenho consciência de que, ao dizer que para eu ter sido destacado para determinado serviço, há colegas que não foram.

É certo que toda a gente gostaria de ser destacado para todos os serviços, mas, como todos sabemos, as agências optam por destacar o profissional ou profissionais mais qualificados para o serviço, consoante a especificidade do tema e a experiência do intérprete(s) na área.

Se hoje é o outro a saber, pela Internet, que estive neste ou naquele congresso, amanhã posso ser eu a ficar "de fora". Gostaria que tivessem a mesma consideração que tento ter pelos meus colegas.

Jean Camille Andrivet


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